Festival Junino supera expectativas de organizadores e participantes

Associação dos Folguedos Populares de Alagoas estreou no evento este ano
Festival Junino resgata história cultural nordestina. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió

Com o objetivo de difundir a cultura do Nordeste e de Alagoas, a Secretaria Municipal de Educação (Semed), em parceria com o Sesc Alagoas e com apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió (FMAC), realizou o 22º Festival Junino. Há duas décadas o evento vem favorecendo o fortalecimento dos festejos e tradições juninas e promovendo a cultura popular dentro das salas de aula.

Após três dias de muita festa e folia, o festival teve seu encerramento na última sexta-feira (7), concluindo um ciclo de esforço, participação e colaboração de servidores e alunos.

O coordenador de Ação Cultural da Semed, Tércio Smith, relata que o evento superou as expectativas de todos os envolvidos e para a população que compareceu para prestigiar as apresentações. ”Ver a alegria dos nossos estudantes em estar participando e se envolvendo com a cultura popular é muito gratificante”, conta.

Alunos de escolas municipais em apresentação no festival junino. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió
Alunos de escolas municipais em apresentação no festival junino. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió

Resgate cultural

A Associação dos Folguedos Populares de Alagoas (Asfopal) teve sua estreia na participação do festival, levando seus mestres até as escolas para ensinar sobre os principais folguedos alagoanos, como o Pastoril, Guerreiro, Coco de Roda, Fandango e muito mais. Para o presidente da associação, Ivan Barsand, a parceria com a Semed é algo há muito tempo esperado por eles.

“Nós entendemos que é fundamental para que a gente consiga preservar e fazer com que mais pessoas conheçam e participem dos folguedos alagoanos. Se você não for para a escola, se você não começar pelo colégio para que eles conheçam, eles vão para lados que não são a nossa cultura, não são as nossas raízes. A Semed tem um papel fundamental quando abre as portas assim, ficamos muito agradecidos por isso”, comemora o presidente da Asfopal.

Ivan relata que se surpreendeu positivamente com cada uma das apresentações durante os três dias de evento. Ele celebra a experiência, que para ele comprova o que a associação dissemina de que levar a cultura para as crianças é a melhor forma de preservar e propagar esses conhecimentos. “É uma força maior para os nossos folguedos, as nossas danças, as nossas brincadeiras. Tem que começar aqui, começar com a criança”, completa Barsand.

Auxiliar de sala da Escola Municipal Pompeu Sarmento há três anos, Luiz Maciel de Araújo sempre foi apaixonado pelos festejos de São João e todos os aspectos envolvidos. Ele, que é coordenador do projeto junino na unidade de ensino, foi quem idealizou e produziu todo o figurino dos alunos.

Os estudantes dos 5º e 6º anos do Ensino Fundamental se apresentaram ao som de ritmos do Sertão, numa mistura de forró, xaxado e baião. “Fizemos uma junção, ou seja, uma união, uma união dos ritmos e daqueles que eram excluídos no Sertão, que era o bando de Lampião. É uma união dos forrozeiros com o bando de Lampião”, explica.

Luiz Maciel contou que, por participar há 12 anos de uma quadrilha junina, já possui certa experiência com os processos relativos ao figurino. Mas reforçou que todas as etapas da apresentação contaram com o apoio dos alunos e de todo o corpo escolar.

“Eu montei o projeto, toda a história. Eu projetei e, junto com a escola e os alunos, montamos todo o figurino. Esse é meu segundo ano que eu estou como figurinista e é o meu primeiro ano como costureiro. Iniciei o trabalho com a costura, com a ajuda da minha mãe e da minha tia, que são minha inspiração na costura”, diz o auxiliar de sala e figurista.

Festival Junino apresenta tradições nordetinas. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió
Festival Junino apresenta tradições nordetinas. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió

Aproximação da cultura

Para os alunos da Escola Pompeu Sarmento, o São João não é restrito à apresentação da quadrilha. A unidade de ensino busca, por meio do projeto de quadrilha junina intitulado de Balão Dourado, educar as crianças sobre a cultura nordestina e a história dos festejos juninos.

“Há três anos, nós iniciamos o projeto Balão Dourado e hoje, no nosso terceiro ano, eles já estão um pouco mais por dentro do que é o mundo junino. O trabalho da escola também é esse: inserir as culturas, não é isso? Então, foi isso que a gente trabalhou com eles”, revela Luiz Maciel.

O auxiliar de sala conta que para a apresentação deste ano, os ensaios começaram no mês de março. Antes de entrar no palco junto aos alunos, Luiz afirmou que estava muito confiante no potencial de cada um. “Eles estão afiadíssimos, a nossa expectativa está lá em cima, está a mil. Com certeza iremos fazer uma boa apresentação porque nos preparamos para isso”, frisa.

Emoção

A estudante do 6º ano, Maria Eduarda da Silva, 12 anos, não escondia a animação em ser a noiva da quadrilha da Pompeu Sarmento. “Eu estou muito ansiosa. Com vontade de chorar, sem nem estar lá na frente. Estou muito animada”, ressalta.

Noiva da quadrilha junina da Escola Pompeu Sarmento. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió
Noiva da quadrilha junina da Escola Pompeu Sarmento. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió

Maria Educarda destaca que todo o processo de preparação para a apresentação foi divertido e engraçado, ao contar que conheceu a quadrilha junina na escola e que, quando seu professor perguntou quem tinha interesse em participar da quadrilha, aceitou de imediato. “Eu amo, é maravilhoso participar. Estou muito feliz, muito animada também”, comenta.

Portas abertas

Fundadora e ex-coordenadora do Folclore do Sesc Alagoas, Silvânia Nascimento coreografou e participou da apresentação de dança country junto com o grupo de idosos. Ela revela com alegria que atualmente, com 60 anos, está como aluna do curso que fundou, agora com novos professores. “O Sesc sempre está de portas abertas para que eventos culturais aconteçam aqui. É de fundamental importância fomentar nas escolas e não deixar essa cultura morrer. Alagoas, apesar de ser um estado pequeno, tem 29 manifestações folclóricas”, reforça.

Apresentação de dança country. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió
Apresentação de dança country. Foto: Jonathan Lins/ Secom Maceió

O coordenador de Ação Cultural da Semed acredita que atividades como esta constroem o conhecimento e a história para as crianças, sendo para a maioria delas, o primeiro contato com a cultura local.

Tércio pontua que é fundamental repassar o conhecimento de forma prática, além do que se estuda na sala de aula, tornando-se assim um aprendiado vivo da própria história. “Assim, os estudantes da rede pública municipal de ensino conseguem se reconhecer enquanto indivíduos pertencentes a um povo e a uma cultura rica”, finaliza.

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Sobre o Autor

Marcelo Rocha

Sou natural da Paraíba e alagoano de coração desde 1990. Sempre fui apaixonado por comunicação, em especial, pelo radialismo. O contato diário com as pessoas, através das entrevistas, me desperta um sentimento de prestação de serviço à população.

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